Em trabalho premiado, desenvolvido no Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, sobre os benefícios de exercícios físicos, principalmente para hipertensos, pesquisadores desvendaram novos mecanismos que fortalecem a região cerebral e reduzem a inflamação. A professora Lisete Compagno Michelini, responsável pelo projeto, destaca: “O exercício físico melhora muito o controle da pressão arterial e reduz a lesão de órgãos alvos que pode acontecer na hipertensão”.
Ela explica que a ideia do estudo surgiu ao observarem um trabalho antigo realizado em animais hipertensos, quando se observou que apresentavam uma disfunção na barreira hematoencefálica. Então os pesquisadores iniciaram testes em animais hipertensos; alguns deveriam ter um treinamento aeróbio de moderada intensidade, que equivale para o homem a três, quatro meses de treinamento de baixa intensidade aeróbio, enquanto outros não fizeram qualquer esforço físico.
Barreira hematoencefálica
Lisete contou que, após esse período de treino, foi testado o funcionamento da barreira hematoencefálica. “Para nossa surpresa, os animais hipertensos que não treinaram apresentavam essa disfunção importante na barreira, já os animais que treinaram tiveram uma reversão completa desse funcionamento.” Então, após esses testes, foi possível entender a função da barreira hematoencefálica de limitar a passagem de agentes nocivos, como bactérias e vírus, mas permitir a livre passagem de glicose, outros produtos de nutrição, oxigênio e CO2, que são fundamentais para a manutenção do nosso organismo e respiração de células do cérebro.
Lisete acrescenta que, independentemente do tipo de hipertensão, primária ou secundária, os exercícios ajudam a reduzir as lesões e riscos. “Eles protegiam os efeitos finais que a hipertensão pode causar. Então, mostrando que o exercício realmente é muito importante no tratamento da hipertensão, seja ela de origem primária, seja ela de origem secundária.” Ela ainda explica que a ajuda de remédios prescritos por médicos combinada à prática de exercícios prescritos por um professor de educação física se torna a melhor forma de tratamento contra a hipertensão.
Matéria – Jornal da USP