Visão geral de privacidade
Este site usa cookies para melhorar sua experiência enquanto você navega pelo site. Destes, os cookies categorizados conforme necessário são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para o funcionamento das funcionalidades básicas do site. Também usamos cookies de terceiros que nos ajudam a analisar e entender como você usa este site. Esses cookies serão armazenados no seu navegador apenas com o seu consentimento. Você também tem a opção de desativar esses cookies. Mas a desativação de alguns desses cookies pode afetar sua experiência de navegação.
Os cookies necessários são absolutamente essenciais para o bom funcionamento do site. Esses cookies garantem funcionalidades básicas e recursos de segurança do site, anonimamente.
Os cookies funcionais ajudam a executar certas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedbacks e outros recursos de terceiros.

No cookies to display.

Os cookies de desempenho são usados ​​para entender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência de usuário aos visitantes.

No cookies to display.

Os cookies analíticos são usados ​​para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas de número de visitantes, taxa de rejeição, origem de tráfego, etc.

No cookies to display.

Os cookies de publicidade são usados ​​para fornecer aos visitantes anúncios e campanhas de marketing relevantes. Esses cookies rastreiam os visitantes em sites e coletam informações para fornecer anúncios personalizados.

No cookies to display.

Outros cookies não categorizados são aqueles que estão sendo analisados ​​e ainda não foram classificados em uma categoria.

No cookies to display.

Notícias

Excesso de antibióticos na carne é risco global de saúde pública

Ricardo Abramovay explica que, além dos impactos na saúde humana, há o vazamento de antibióticos para o meio ambiente

O uso excessivo de antibióticos na criação industrial de animais é um problema crítico de saúde pública e ambiental. Conforme Ricardo Abramovay, professor do Programa de Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) e da Cátedra Josué de Castro da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, essa prática está diretamente ligada à emergência de superbactérias resistentes a medicamentos. Setenta por cento dos antibióticos que a humanidade produz destinam-se a animais. E, em muitos países, inclusive no Brasil, apesar de uma legislação proibitiva, é muito fácil administrar antibióticos a animais”, afirma o pesquisador. Ele ainda destaca que essa situação é amplificada pela monotonia genética e o confinamento intensivo na agropecuária.

Ricardo Abramovay – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Segundo Abramovay, a estrutura do sistema agroalimentar global apoia-se no que ele chama de “tríplice monotonia”. Na agricultura, a produção de calorias concentra-se em poucos produtos como arroz, milho, batata, soja e trigo, muitos deles destinados à alimentação animal. Na pecuária, a monotonia genética de aves e suínos criados em larga escala agrava o cenário, exigindo o uso indiscriminado de antibióticos para prevenir surtos de doenças em ambientes confinados e homogêneos. “Essa concentração de animais geneticamente homogêneos é um terreno ideal para proliferação de vírus e bactérias. O único jeito de evitar que vírus e bactérias se difundam em uma criação animal caracterizada pela homogeneidade é administrando remédios, entre os quais antibióticos.”

Impactos
Além dos impactos na saúde humana, o professor destaca o vazamento de antibióticos para o meio ambiente, contaminando solo, água e ar. Esse problema é tão grave que figura entre os dez maiores desafios de saúde pública, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Existem acordos internacionais, inclusive, para que se reduza o consumo de antibióticos nas produções animais, mas isso exige uma transformação muito grande nos métodos de produção.”

A solução para esse dilema, segundo Abramovay, passa pela transformação do sistema produtivo e por uma mudança nos padrões de consumo. Ele sugere que a redução da quantidade de animais por metro quadrado, aliada a medidas de higiene mais rigorosas nas criações, como já ocorre na Europa, pode diminuir drasticamente o uso de antibióticos sem comprometer a produção de proteínas. Essa abordagem, segundo o docente, também é compatível com as necessidades metabólicas da população mundial. “A ligação disso é que, se não é verdade que a humanidade vai precisar cada vez mais de carne, então os métodos produtivos têm que ser métodos de desintensificação. Evidentemente isso tem um custo, mas permite que se coloque o patamar de consumo de antibióticos pelos animais em um nível muito mais baixo do que nós fazemos no Brasil e se faz em algumas partes do mundo.”

Outro ponto crucial é a diversificação da dieta. O consumo excessivo de carne, inclusive entre populações de baixa renda, contribui para a manutenção de práticas insustentáveis. Abramovay cita os guias alimentares, como o brasileiro, que recomendam uma redução no consumo de carne e produtos ultraprocessados, reforçando a importância de uma alimentação mais variada e equilibrada. “O necessário para uma alimentação saudável não é consumir cada vez mais carne, e sim diversificar a alimentação, ampliar o leque dos produtos que a gente come”, alerta.

O tema também ganhou destaque no cenário internacional. Coautor do relatório Bem-Estar Animal para um Sistema Agroalimentar Saudável e Sustentável, acolhido pelo Brasil no G20, Abramovay entende que a busca por um sistema alimentar mais sustentável é essencial para compatibilizar produção, consumo e os limites ecológicos do planeta. “Temos compatibilidade. E é um desafio dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Tem um dos objetivos que é produção e consumo sustentável. Quando a gente fala isso, não pode ser retórico. Isso tem que ser em todas as áreas da produção social, e não só na alimentação, nós temos que ter eficiência, e aí, no caso do setor agroalimentar, ele foi muito eficiente na conversão de proteínas vegetais em proteínas animais. Só que, além da eficiência, nós temos que ter suficiência, sobriedade. Se a gente não alterar os padrões de consumo em tudo o que a gente faz, a eficiência não dá conta de compatibilizar a oferta de bens e serviços com os limites que os serviços ecossistêmicos impõem ao nosso consumo”, conclui.

Matéria – Jornal da USP

@2020 – Todos os Diretors Reservados,  Newslab. por Fcdesign