A comunicação em saúde é uma ferramenta essencial para a promoção da saúde pública, prevenção de doenças e melhoria da literacia em saúde, sendo crucial na disseminação de informações e na gestão de crises sanitárias. Em Portugal, a comunicação em saúde evoluiu de modelos verticais e unidirecionais, centrados em campanhas de sensibilização pelas autoridades de saúde, para abordagens mais participativas e centradas no cidadão, impulsionadas por avanços tecnológicos e sociais. Contudo, barreiras persistentes como a desigualdade no acesso à informação, a desinformação generalizada e a dependência excessiva de plataformas digitais ainda comprometem a sua eficácia.
Atualmente, Portugal enfrenta uma transformação na comunicação em saúde, com uma cultura mais estratégica, multidirecional e segmentada. A Direção-Geral da Saúde (DGS) e o Serviço Nacional de Saúde (SNS) têm utilizado cada vez mais canais digitais, dados e algoritmos para personalizar campanhas e monitorizar o impacto, elevando a literacia em saúde a uma prioridade estratégica. Tecnologias emergentes, como a inteligência artificial (IA), big data e plataformas interativas, oferecem um potencial crescente para adaptar mensagens e monitorizar o seu impacto. No entanto, a integração dessas inovações exige que se mantenham princípios éticos e humanos, como a empatia, a escuta ativa e a acessibilidade, para evitar aprofundar as desigualdades digitais e garantir a confiança nas instituições.
A pandemia de COVID-19 demonstrou a importância de mensagens claras, empáticas e baseadas em evidências, adaptadas a diversos públicos, ao mesmo tempo que expôs o impacto corrosivo da desinformação na confiança e adesão às medidas de saúde. A experiência sublinhou a necessidade de os profissionais de saúde aprimorarem as suas competências de comunicação para fortalecer a confiança do público e promover comportamentos protetores. As redes sociais, em particular, assumiram um papel estratégico na gestão da comunicação em emergências, atuando como canais de divulgação e literacia em saúde.
Em suma, a comunicação em saúde em Portugal precisa encontrar um equilíbrio entre a inovação tecnológica e os valores humanísticos. O investimento na literacia em saúde, na formação de profissionais e no combate à desinformação é fundamental para fortalecer a confiança e melhorar os resultados de saúde. Uma estratégia multissetorial que priorize a transparência, acessibilidade e personalização tem o potencial de reduzir lacunas de informação e reforçar o sistema de saúde como um todo, contribuindo para uma sociedade mais resiliente e equitativa.
Referência:
De Santiago, I. et al. Health Communication in Portugal: Current Challenges and Prospects. Jornal da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa 169, 16-21 (2025).
Centro de Pesquisa e Análises Heráclito
Neurociência / Biologia / Psicologia / Psicanálise / Genômica
Tel.: +351 939 895 955 / +55 21 999 989 695
contato@cpah.com.br


