Duas novas pesquisas publicadas em periódicos internacionais destacam importantes avanços no diagnóstico e tratamento de distúrbios do sono e da enurese noturna, reforçando a relevância de abordagens especializadas para melhorar a qualidade de vida de pacientes.
A primeira, divulgada no periódico ‘Sleep Science’, revisa e atualiza diretrizes brasileiras para a padronização de relatórios de polissonografia, exame que monitora diversas funções do corpo durante o sono, como a atividade cerebral, os movimentos oculares, a respiração e os níveis de oxigênio no sangue. A metodologia utilizada incluiu o método Delphi – uma ferramenta confiável para alcançar consenso entre profissionais da área. O painel de especialistas foi composto por 29 profissionais de diversas áreas da saúde, incluindo médicos, dentistas, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, todos com vasta experiência em medicina do sono.
“Entre os itens recomendados para serem incluídos nos relatórios estão informações detalhadas sobre os dispositivos e sensores utilizados, a duração total do sono, a latência do sono REM, o índice de apneia-hipopneia e os níveis de saturação de oxigênio. O objetivo é garantir que os diagnósticos sejam mais precisos e uniformes, com relatórios que detalhem dispositivos utilizados, índices de apneia-hipopneia e dados essenciais sobre as fases do sono, como o estágio REM – fase importante para a consolidação da memória e o processamento emocional,” explica a neurologista, neuropediatra e consultora médica em Polissonografia do Fleury Medicina e Saúde, Dra. Rosana Cardoso Alves.
Já a segunda pesquisa, publicada no ‘Sleep Medicine’, aborda o impacto do tratamento da enurese noturna, também conhecida como incontinência urinária noturna, condição que afeta uma em cada dez crianças aos 10 anos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria. O estudo acompanhou 100 crianças entre 5 e 12 anos durante seis meses, utilizando polissonografia e questionários para avaliar a qualidade do sono e o impacto da enurese noturna na vida diária das crianças, revelando que o tratamento reduz os episódios de incontinência urinária e melhora significativamente a qualidade do sono. “A enurese, além de causar despertares noturnos e fragmentar o sono, afeta a autoestima e o desempenho diário das crianças. Tratar a condição tem efeitos positivos no bem-estar geral e na integração social dos pacientes”, ressalta a Dra. Rosana.
O tratamento de enurese noturna envolve uma abordagem combinada que inclui medidas comportamentais, como treinamento vesical e reforço positivo, além da redução de líquidos antes de dormir. Dispositivos como alarmes de enurese, que alertam ao detectar umidade, ajudam no controle noturno. Em casos mais complexos, medicamentos também podem ser prescritos para reduzir a produção de urina e aumentar a capacidade da bexiga, bem como terapia comportamental, caso haja fatores emocionais envolvidos O acompanhamento médico regular com um pediatra ou urologista é importante para monitorar o progresso e ajustar o tratamento conforme necessário.
Ambos os estudos reforçam a importância de diagnósticos precisos e tratamentos personalizados para condições que afetam o sono, mostrando como avanços na pesquisa beneficiam diretamente pacientes e médicos. “Esses progressos são importantes para melhorar a qualidade de vida de crianças e adultos que enfrentam distúrbios do sono, promovendo saúde e bem-estar de maneira integrada e humanizada”, conclui a médica.