“‘Work itself is a pleasure” (‘O trabalho em si é um prazer’)
James Paget, (Great Yarmouth, Norfolk, 11 de janeiro de 1814 – Londres, 30 de dezembro de 1899) foi um cirurgião e patologista britânico que, juntamente com o alemão Rudolf Virchow, criou a “ciência da patologia”. Foi um médico excepcional do século 19, conhecido por seus relatórios e estudos sobre a doença óssea progressiva conhecida como doença óssea de Paget ou osteíte deformante, entre outras. Seu nome é comumente pronunciado de maneira incorreta no Brasil (“peiget”). A pronúncia correta é “pædʒət” (rima com”gadget”).
Há três doenças que foram identificadas por ele:
Doenças de Paget óssea, mamária e extramamária.
A doença óssea de Paget caracteriza-se sobretudo por deformidades do esqueleto. O seu cocheiro, de 46 anos, queixou-se de aumento do crânio, pois sua antiga cartola passou a não servir mais. Esta queixa foi a pista para investigar algo inusitado na cabeça do cocheiro, seu conhecido de longa data. O cocheiro foi atendido no conceituado Hospital São Bartolomeu londrino em 1854, sofrendo também de dores nos membros inferiores. O Dr. Paget observou que o osso da canela esquerda (tíbia) e o da coxa esquerda (fêmur) estavam aumentados e deformados. Ele descreveu a doença em 1877 e denominou-a de “osteite deformans’ (osteíte deformante) como sendo “uma forma crônica de inflamação dos ossos”. A doença caracteriza-se por absorção “furiosa e descompensada” do tecido ósseo devido ao número aumentado de osteoclastos, células sabidamente multinucleadas e com equipamento enzimático adequado para reabsorção do osso. Ocorre neoformação óssea simultânea pelos osteoblastos, com redemodelação óssea reacional e não lamelar desordenada. Este cenário – destruição e construção simultâneas de osso – lhe valeu a alcunha de “loucura metabólica da matriz óssea”. Seriam os osteoclastos condutopatas/esquizofrênicos?
A doença é relativamente rara no Brasil, mas comum em outros países.
Os termos comparativos/analógicos na moléstia óssea de Paget óssea são muito frequentes e relacionados às alterações estruturais episódicas que surgem no esqueleto. A radiologia revela numerosas lesões que são praticamente diagnósticas da doença. A radiografia do crânio mostra áreas alternadas de osteólise e de esclerose comparadas a “flocos de algodão”; na coluna vertebral aspecto de “moldura de quadro” ou de “vértebra em marfim” quando em eburnização; a deformidade da tíbia lembra uma lâmina de sabre; imagens osteolíticas em “folha de grama” ou em “vidro fosco” em ossos longos. A olho nu os ossos pagéticos, apesar de espessados, são moles e porosos como “pão-seco ou pedra-pome” e podem ser cortados facilmente com uma faca; o exame microscópico mostra pequenos fragmentos ósseos entremeados por linhas de cimento proeminentes, configurando um aspecto de “mosaico”. O tratamento procura destruir o vilão agressor que é o osteoclasto perturbado. A medicina usa o ácido zoledrônico como tratamento eficaz da doença.
(Artigo baseado em várias fontes nacionais e no livro Analogias no Ensino Médico Coopmed. BH.MG).
Texto disponível também na seção Analogias em Medicina da Revista Newslab Ed 155.