O consumo de álcool entre jovens aumenta cada dia mais: pesquisa com 10 escolas de São Paulo mostrou que o consumo começa por volta dos 10 anos de idade.
Um estudo realizado pela Pediatria do Hospital Universitário da USP apontou que 60% de adolescentes, na faixa dos 17 anos, já faz uso de bebidas alcoólicas. A pesquisa foi feita em 10 escolas de São Paulo. O consumo, segundo o estudo, começa por volta dos 10 anos e, em 20% dos casos, o uso ultrapassa uma dose diária. Já a OMS (Organização Mundial de Saúde), divulgou que mais de 320 mil pessoas entre 15 e 29 anos morrem ao redor do mundo, anualmente, de causas relacionadas ao consumo do álcool.
Em menores de 18, o uso intensivo e crônico de álcool pode ter um efeito ainda maior, levando à demência. E, em todas as idades, o consumo excessivo aumenta o risco de perda do volume cerebral, uma vez que afeta diversas áreas do cérebro, como córtex cerebral, sistema límbico, cerebelo, hipotálamo e glândula pituitária e medula.
Segundo o psiquiatra Mario Louzã, nos últimos anos, foi sendo construído um senso comum entre os jovens de que a bebida alcoólica é o ponto alto dos encontros e das festas. Isso se aplica a ambos os sexos, diferentemente de décadas atrás, quando os problemas com o álcool eram mais frequentes entre os meninos. “O fato é que o adolescente precisa se sentir acolhido pelo grupo e fazer parte dele. Para isso, segue as regras do jogo, que inclui beber. Em muitos casos, há competições de quem consegue beber mais ou brincadeiras que sempre envolvem o álcool”, afirma o psiquiatra.
Geralmente, este contexto está relacionado à insegurança típica da adolescência, período em que o jovem começa a se auto afirmar, a querer ganhar destaque e mostrar que pode tanto ou mais que seus colegas. De acordo com Mario Louzã, propagandas, séries e filmes também contribuem com o aumento do consumo da bebida, pois criam cenários que associam o álcool ao glamour, ao sucesso, à conquista e outras situações que estimulam ainda mais a enxergar que beber é legal.
Vale lembrar que o abuso de álcool na adolescência deve ser levado a sério e tratado como doença. Há alguns tratamentos medicamentosos para tentar diminuir o consumo, além das abordagens psicoterápicas individuais. “Casos graves necessitam de internação, em geral, prolongada, para controlar os sintomas da abstinência e todo um processo de reorganização da vida do adolescente que, muitas vezes, gira em torno do álcool. Grupos de autoajuda, como AA (Alcoólicos Anônimos), também são importantes”, finaliza Mario Louzã.