O poema “Minha Giribabua”, de Fábio M. Souza, publicado no Open Minds International Journal, volume 6, número 1 (2025), oferece uma introspecção poética sobre a natureza da afetividade, da memória e da distância nas relações humanas. A obra, que se estende pelas páginas 238 a 241 da publicação , explora a complexidade dos laços emocionais através de uma linguagem que transita entre a ternura do passado e a realidade da separação.
A poesia apresenta um eu lírico que evoca lembranças de uma figura feminina, referida carinhosamente como “Minha menininha” e “Giribabua”. A temporalidade é um elemento crucial, pois o eu lírico afirma que, embora essa figura esteja prestes a completar 22 anos, ela reside em sua memória com a idade de 7, um período de grande proximidade e segurança (“quando seus olhos buscavam os meus e tudo era abrigo”). Essa dicotomia temporal ressalta a idealização de um passado de união em contraste com um presente marcado pela distância.
A geografia é explicitamente mencionada como um “abismo”, o que sugere que a separação física é um fator predominante na percepção da distância afetiva. O poema expressa um anseio pela presença contínua da pessoa amada, mesmo diante dos desafios cotidianos, como as “manhãs sonolentas” ou a “perda da tampa da panela”. A menção de locais como Monteiro, Lourdinas, Lena e UEPB, bem como a referência a uma possível viagem a Buenos Aires que seria interrompida, contextualiza a narrativa em espaços geográficos específicos, mas que se tornam secundários diante do vínculo emocional.
A obra também aborda temas como a ansiedade e o medo de perder a pessoa amada, particularmente evidente na menção à “renovação da guarda” e à “adoção que não saía”. Embora a natureza exata da relação não seja explicitamente detalhada, esses versos sugerem uma conexão profunda e complexa, talvez parental ou de tutoria, que transcende os laços convencionais. A persistência do afeto é enfatizada pela afirmação de que “O amor resiste às pausas, aos desencontros, às estações sem flores” , culminando na declaração “Por você, eu faria tudo outra vez”.
Em suma, “Minha Giribabua” é uma exploração lírica da memória afetiva e da superação da distância. O poema, por meio de imagens vívidas e referências a um passado idealizado, tece uma narrativa sobre a permanência do amor e a saudade em face das transformações temporais e geográficas. A obra contribui para o campo da poesia contemporânea ao abordar a complexidade das relações humanas e a resiliência dos laços afetivos.
Referência:
SOUZA, F. M. Minha Giribabua. Open Minds International Journal, São Paulo, v.6, n.1, p. 238-241, jan.-abr. 2025. DOI: https://doi.org/10.47180/omij.v6i1.348.
Centro de Pesquisa e Análises Heráclito
Neurociência / Biologia / Psicologia / Psicanálise / Genômica
Tel.: +351 939 895 955 / +55 21 999 989 695


