Por: Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues
Resumo
O bruxismo do sono, caracterizado pelo ranger e apertar dos dentes, é um distúrbio de movimento recentemente classificado como uma parassonia do sistema mastigatório. Este estudo visa avaliar a eficácia de duas formulações de toxina botulínica tipo A (Botulift® e Botox®) na força de mordida de pacientes com bruxismo do sono, bem como entender as alterações nos músculos mastigatórios e ossos da mandíbula após a aplicação da toxina.
Palavras-chaves: Bruxismo do sono, Disfunção temporomandibular, Toxina botulínica.
Introdução
O uso de toxina botulínica (BoNT/A) nos músculos mastigatórios tem se tornado cada vez mais comum entre dentistas para tratar condições como bruxismo do sono e distúrbios de movimento oral. A injeção de BoNT/A causa paralisia temporária dos músculos, reduzindo a atividade do masséter e temporal durante as parafunções. Contudo, essa intervenção pode promover perda óssea mandibular, devido à atrofia muscular e consequente degradação da microestrutura óssea. Estudos adicionais são necessários para compreender os mecanismos celulares e moleculares envolvidos e desenvolver estratégias para mitigar esses efeitos adversos(A-INFLUATORIOS).
Uso de Toxina Botulínica em Odontologia
A toxina botulínica, produzida pela bactéria Clostridium botulinum, é frequentemente injetada nos músculos mastigatórios para tratar bruxismo. Estudos em animais demonstraram perda óssea nas regiões condilares e alveolares da mandíbula após a aplicação da toxina. O bruxismo, originado do termo grego “bruchein”, envolve ranger ou apertar os dentes, podendo ocorrer tanto durante o sono quanto em vigília. Classificado como uma atividade parafuncional danosa, o bruxismo pode ser consciente ou inconsciente e frequentemente se manifesta durante o sono, gerando contrações musculares rítmicas intensas(A-INFLUATORIOS).
Classificação e Etiologia do Bruxismo
O bruxismo é classificado em formas leves, moderadas e severas, e pode ser subdividido em primário (sem causa médica evidente) e secundário (relacionado a distúrbios clínicos, neurológicos ou psiquiátricos). A etiologia multifatorial do bruxismo inclui traumatismos oclusais, fatores psicológicos como ansiedade e depressão, deficiências nutricionais e vitamínicas, e fatores hereditários. Pacientes com bruxismo frequentemente apresentam hipertrofia muscular, desgaste dental e dor na musculatura facial(A-INFLUATORIOS).
Mecanismo de Ação da Toxina Botulínica
O efeito terapêutico da toxina botulínica se deve à sua capacidade de induzir paralisia flácida ao inibir a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular. Este efeito, que dura de 3 a 6 meses, corrige padrões de contração muscular, reduz rugas faciais, e alivia dor ao alterar o estilo de vida do paciente. A aplicação de BoNT/A no masséter e no temporal é recomendada para tratar bruxismo, devido ao papel significativo desses músculos na atividade parafuncional(A-INFLUATORIOS).
Estudo de Caso
Um estudo com 10 adultos que receberam injeções de BoNT/A no músculo masséter mostrou redução significativa da força de mordida e remissão dos sintomas de dor muscular a partir da segunda semana após a aplicação. A força de mordida inicial foi reduzida, mas retornou aos valores normais após 120 dias, enquanto a atividade muscular em isometria continuou reduzida. Não houve diferença significativa entre as formulações de Botulift® e Botox® em termos de eficácia(A-INFLUATORIOS).
Considerações Finais
A toxina botulínica tem se mostrado uma abordagem minimamente invasiva eficaz para o tratamento do bruxismo, especialmente em pacientes que não respondem a modalidades de tratamento menos invasivas. No entanto, é essencial que os profissionais de odontologia recebam treinamento adequado para administrar a toxina e lidar com seus potenciais efeitos adversos. A utilização de BoNT/A nos músculos massetéricos e temporais pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes com bruxismo(A-INFLUATORIOS).
Referência:
Ajuz, D. H., & Rodrigues, F. de A. A. (2022). A influência da toxina botulínica nos músculos mastigatórios. Revista Científica de Odontologia, 5(1), 413-423. DOI:
10.38087/2595.8801.146.
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