Por José de Souza Andrade-Filho*
A osteoporose é doença de evolução lenta e silenciosa, caracterizada pela fraqueza dos ossos. Muitas vezes é diagnosticada após a ocorrência de fraturas. Não há ainda cura, mas o seu tratamento pode melhorar a qualidade de vida do indivíduo, diminuindo o risco de fraturas e de doenças associadas. O sintoma mais aparente da osteoporose é a fratura de algum osso ao pequeno impacto.
Por ser silenciosa, a osteoporose pode não apresentar sintomas, embora o indivíduo já possa ser identificado com a doença através do exame de densitometria óssea. Esta poderá ser realizada de ano a ano ou a cada dois anos depois do diagnóstico para o ajuste da dose de medicamento.
Não se deve confundir osteoporose com osteomalácia. Esta refere-se à deficiência de mineralização óssea, causada geralmente pela carência de vitamina D. A falta de vitamina D impede a mineralização da matriz óssea do osso cortical e trabecular, com consequente acúmulo de osteoide pouco mineralizado. O osso torna-se amolecido, o que provoca deformidades, como ocorre no raquitismo. Portanto, na osteomalácia, há uma deficiência da calcificação do osso. A osteoporose, ao contrário, refere-se à perda de tecido ósseo, tornando-o mais fraco e sujeito a fraturas por pequenos traumas ou mesmo fraturas espontâneas.
Doenças com comprometimento renal, disfunção da tireoide, doenças do sangue e autoimunes também podem ser uma causa secundária da osteoporose. O resultado é um desequilíbrio entre a formação e a destruição óssea, que torna os ossos frágeis e com a possibilidade de se quebrarem com maior facilidade.
A osteoporose – literalmente “osso poroso” ou em “biscoito de polvilho” vai se instalando naturalmente acima dos 30 anos de idade. Após os 50 anos, principalmente nas mulheres, por causa da menopausa, o osso passa a ser reabsorvido em maior proporção.
Na coluna vertebral os corpos vertebrais sofrem fraturas em forma de cunha por compressão, muitas vezes precipitadas por atividades de rotina, como levantar-se, curvar-se etc., que em circunstâncias normais seriam insuficientes para causar fratura. Cada episódio de achatamento em cunha das vértebras resulta em deformidade e provoca corcunda progressiva da coluna. A altura ou estatura da pessoa pode diminuir de 2 a 4cm ou mais. Tanto a cifose/corcunda como a redução da altura são sinais clínicos fidedignos de doença avançada (Fig. 1).
Estas alterações são muito mais acentuadas na mulher na pós-menopausa, resultando em corcova dorsal exagerada e lordose cervical e recebendo a denominação de corcunda da viúva herdeira (em inglês: Dowager’s hump). Provavelmente esta concepção norte-americana tem fundamento por ser a osteoporose muito mais comum em mulheres idosas e viúvas e, supostamente, herdeiras de uma renda ou dote, de títulos de nobreza ou de bens do marido morto.
(Texto baseado em fontes diversas)
*José de Souza Andrade-Filho – Patologista no Hospital Felício Rocho-BH; membro da Academia Mineira de Medicina e Professor Emérito de Patologia da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.